20 de fev. de 2008

Afinal, o que eu devo escutar?

Provavelmente um dos maiores problemas que surgem quando se começa a querer se aprofundar em um ou mais estilos musicais é o gigantesco número de referências a que se é exposto. Por exemplo, para alguém que começou a ouvir Heavy Metal agora, decidir o caminho porque seguir não é algo necessariamente fácil - para alguém novo no estilo, fica a impressão que é imprescindível conhecer a discografia completa do Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest, Deep Purple, só pra citar os "pilares" mais conhecidos sobre quais o estilo se apoia.

E é claro, sempre vai surgir o purista que vai dizer pro novato que o que ele escuta não é música de verdade, que ele precisa ouvir as bandas x e y pra conhecer o que realmente é o estilo. Em se tratando de rock, isso é bastante acentuado, ainda mais porque o estilo está cheio de "deuses" intocáveis. "O que, não conhece Led Zeppelin? Como ainda tem a coragem de dizer que gosta de rock?" ou "Vai dizer que ainda não ouviu Rubber Soul dos Beatles? Nossa, vai ouvir pagode cara" são comuns de se ouvir quando alguém que está se iniciando nesse mundo.

Mas e ai, como prosseguir? Ir direto aos clássicos do estilo ou começar aos poucos, ouvindo mais bandas não tão expressivas no cenário como um todo mas que agradem ao ouvido, e depois disso procurar algo semelhante? Minha dica é misturar um pouco das duas alternativas, e não ter medo de gostar de coisas consideradas mais "pops" ou de dizer que não gostou de algum "clássico".

Vou usar como exemplo a experiência pessoal:
Quando comecei a me interessar mais por rock como algo mais do que somente música, a banda que eu me apaixonei de cara foi o Blind Guardian. Durante meses era só o que eu ouvia, decorei a grande maioria das letras, comprei a discografia quase completa (o que me fez gastar pela primeira vez na vida mais de 30 reais em um CD), enfim, era o dia inteiro Blind Guardian. Durante esse tempo, aproveitei pra conhecer bandas que tiveram alguma influência sobre o grupo, como o Uriah Heep (banda mais subestimada da década de 70 em minha opinião), mas foi só quando surgiu o Dream Theater que deixei de lado o Blind... pra me afundar em um vicio ainda maior pela banda de metal progressivo.

Foi nessa época que comecei a pesquisar mais sobre biografias de bandas, e a me interessar pelos chamados projetos paralelos dos membros. Foi a partir dai que realmente comecei a me aprofundar mais em música e a procurar conhecer coisas novas, que fujam do lugar comum. Pra não tornar a coisa muito longa, hoje além de heavy metal, curto coisas dos mais diversos estilos dentro do rock, passando pelas raízes encontradas no blues, até coisas mais modernas como o indie rock do Arctics Monkeys.

Onde quero chegar com tudo isso? Basicamente é, se você tá começando a curtir música agora, curta sem medo. Não precisa ir atrás de tudo que te recomendarem nem gostar de primeira de alguma coisa só porque o senso comum diz que aquilo é um clássico e é obrigatório constar na sua discografia. Mas também não se prenda somente a determinado estilo ou a meia dúzia de bandas, experimente, corra atrás de bandas novas e procure saber as influências de seus ídolos e ir atrás delas.

Assim, além de conhecer cada vez mais sobre essa coisa apaixonante que é música, vai poder criar um gosto próprio e não ser tão influenciado pelo senso comum do que é a "boa música". E durante o processo, se tudo der certo, vai aprender a ter paciência quando for sua vez de ajudar alguém que está se iniciando nesse mundo e procurar boas dicas do que ouvir.

6 de fev. de 2008

Review: Ringo Starr - Liverpool 8

Um dos primeiros lançamentos de 2008 que consegui escutar, o mais novo álbum solo do baterista (e mais esquecido entre os membros) dos Beatles não decepciona, mas também não se tornará um clássico na lista de ninguém.

Liverpool 8 é um álbum de pop-rock das "antigas", por assim dizer. Acho que o mais apropriado seria dizer que Ringo se mantém fiel à primeira fase dos Beatles, com canções "upbeat" sobre amizade, amor, etc. É um rock mais tradicional, que presa mais o básico do estilo, sem se arriscar muito em coisas que se tornaram padrão, como guitarras distorcidas e sintetizadores.

Acredito que o maior problema do álbum reside justamente na voz de Ringo Starr, comprovadamente a mais fraca dentre os quatro Beatles. Apesar de não ter grande alcance nem variar muito de tom, acaba não comprometendo em nada o álbum. Recomendo especialmente pra quem procura um álbum de rock mais relaxado, sem necessariamente ter que apelar pra títulos acústicos.

Lista das músicas:

1. Liverpool 8
2. Think About You
3. For Love
4. Now That She's Gone Away
5. Gone Are The Days
6. Give It a Try
7. Tuff Love
8. Harry's Song
9. Pasodobles
10. If It's Love That You Want
11. Love Is
12. R U Ready?